28 de janeiro de 2010

SP Fashion Week [Último dia]

Oii pessoas!
Bom, é uma tristeza, mas tenho que dizer que esse é o post relacionado ao último dia de desfiles da SPFW 2010.
Bom, vamos deixar isso de saudades e lamentações e vamos ao que interessa.
Nesta estação, o tempo fechou. Apesar do rosinha na cartela de cores, há uma sombra de antigamente que aparece menos no desenho das peças e mais no styling, não filtrado. A ironia é que, patrocinada por marca de filtros de papel para coar café, Isabela Capeto escreveu no texto entregue aos jornalistas que estes são os tempos em que precisamos... Filtrar. As roupas são vestidos bem femininos, retos ou em linha A, acinturados. As saias são tipo envelope; as calças são retas ou bufantes. Os marrons e os vermelhos estampados pesam. Não são os jeans mais bonitos do mundo, mas o macacão de flanela xadrez é belíssimo. Os pretos do início, com pele, são carregados, porém o mesmo não acontece com as peças de tule, nem com os rosas mais dourado, nem com os multicoloridos, de listras ou florais. O cargigã todo bordado, o vestido todo bordado, a calça toda bordada na frente - sua marca registrada continua sendo bem executada e ajuda, como sempre, a deixar a roupa preciosa. Mas usados com meia colorida, sapato de tressê mais cadarço, cabelos com fitas trançadas e bijoux mil, formou uma imagem que nega o movimento anterior, de leveza, que a marca alega seguir.

Há meses foi noticiado que Gloria Coelho estaria mais envolvida com a Carlota Joakina, voltando a dirigir sua marca jovem. Apesar da assessoria de imprensa negar a participação da estilista minutos antes do desfile, são visíveis os toques da "mãe" - a começar pelo tema Arquitetura das flores (Gloria também tem usado a arquitetura como inspiração na sua grife homônima há duas temporadas). Mas o fato principal dessa coleção de inverno é que, depois de várias estações em que a criação da Carlota Joakina foi assinada por grupos, trios e duplas, é a primeira vez que Camila Bertolote, que já era do staff, responde sozinha pela coleção. E o resultado é bom. O desfile trouxe de volta o DNA da marca, mais adulto, sem brinquedinhos - Lego, plástico colorido, luzes que acendem, boias, nada disso foi reeditado. Formas secas, cartela de cores sóbria e precisa (preto, cinza, off-white, nude, azul petróleo), leggings, jaquetas e alguns vestidinhos, é tudo o que a cliente da Carlota precisa para ser feliz. E as peças têm boas sacadas: para quebrar a feminilidade excessiva dos vestidos de babados, por exemplo, zíperes pretos foram usados como fecho. Seda, chiffon, tricô, tule e malha simplificam - e facilitam - ainda mais a vida. Para os dias de festa, vestidos nude feito de pétalas de tecido (das tais flores do tema) são a sequência mais sofisticada da apresentação.

Com Felipe Andreoli no texto de abertura, ocupando o lugar de Fernanda Young na última temporada, a temática da Reserva era sobre celebridades. "Homens-produto, que travam uma verdadeira batalha, fazendo o impossível para se destacar", diz a marca. A premissa é divertida. A trilha sonora, de Jackson Araújo com one hit wonders (de Susan Boyle a Ice MC), é mais uma vez um primor. O esforço da marca, se arriscando no minúsculo mercado da moda masculina, é sempre louvável. Mas com um personagem tão banana como esse, fica difícil fazer uma coleção tão inspirada quanto as duas anteriores. Curioso notar que a Reserva imprimiu ares de desfile de marca italiana em Milão, com o visual pesado, meio escuro e com pitadas de um roxo muito característico daquelas passarelas. Uma vibe assim, misturada com a ginga carioca, causa uma estranheza que não se sabe bem de onde vem. Mas se isso é um problema, fica restrito ao desfile. Pois olhando com atenção, percebe-se que Rony Meisler e sua equipe não perderam a pegada. O guarda-roupa dos seus personagens continuam com boas peças. A marca vai na onda dos tecidos resinados e reflexivos, em camisas, bermudas e, principalmente, nos sensacionais tricôs do final, prensados com tinta preta ou metálica. As calças, em jeans e alfaiataria, são skinny (mas sem exageros fashionistas) e ganham debruns brancos. O xadrez da estação está lá, junto de boas estampas ópticas nos cardigãs leves e nas neoceroulas. Acompanhando o pacote, ótimos docksides abotinados, desenvolvidos em parceria com a clássica marca Sebago. Em suma, uma boa coleção de prateleira, que vai agradar, como sempre, o público do Pica-Pau fluminense.

A grife DoEstilista traz um desfile sombrio, triste e com imagens fortes como a de pessoas com a corda no pescoço. Literalmente. Andando sobre o negro carvão, amigos célebres de Marcelo Sommer desfilaram, de cara fechada, roupas escuras, puídas, com tingimento tipo amador, feito na medida para dar o ar de bom dia tristeza, tão tarde tristeza. A encenação foi claramente mais importante do que a moda nas intenções do estilista, já que não havia propostas novas, a não ser pelo onipresente preto e o couro de jacaré, usado de maneiras interessantes. De resto, eram os vestidos de sempre, com barra na altura das canelas, jeito retrô. Muito xadrez. Saias volumosas. Calça ajustada + paletó ou mantô para eles, que faziam o estilo caçador urbano. Mas isso, nós já havíamos visto.

Percebi que posso reproduzir nesta estação quase que palavra por palavra o release que a assessoria de imprensa dele fez sobre a coleção anterior. Olhem as fotos e vejam se não tenho razão: "criações que embaralham memórias: exuberância dos trópicos, etnias psicodélicas, listras, pássaros, pontas, laços estilizados, malícia de vedetes, vestidos de festa, recortes e dualidade de formas". André Lima faz roupas bem feitas que têm como finalidade embelezar as mulheres. Consegue. Mas, anda exagerando na repetição do que tem apresentado nas passarelas. Estilo é uma coisa - e ele tem de sobra -, repetição é outra. A exuberância dos chapéus, o tamanho das caudas, o volume dos babados são divertidos e fazem parte do show. Mas ele ficou devendo uma proposta mais diferenciada para o inverno.

É isso aí pessoal, com o desfile do André Lima, encerramos a semana de moda de São Paulo. Desculpem-me pela demora em postar sobre os 6 dias, mas é que realmente, fazer algo bom, tem de ser feito de uma forma mais crítica.
Espero que tenham gostado.

YEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEAH!

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