5 de julho de 2010

Terceiro dia - SPFW 2010 - Verão 2011

Oii pessoas!
Tudo bom? Então, sem mais delongas, o terceiro dia (dia 11 de junho):

Cavalera
Os clássicos dos looks de festa estavam todos lá: brancos, paetês, acetinados, brilhos, tules e rendas. Mas davam assunto a bons vestidos de verão, curtos e amplos, batas e saiotes de bailarina. As sobreposições dos materiais fazia uma graça maior. E o mais bacana eram as combinações: sob os vestidos e tops brilhantes, t-shirts roqueiras; sob as saias fantasiosas, shortinhos jeans bem utilitários - e casaquetos sobre tudo isso. 
O desfile é acuradíssimo e usável, principalmente nos brancos e nos paetês escuros, de menina roqueirinha. Só desandam nos fluo do final, com vestidões tipo cupcake, que não devem mesmo sair da passarela.
O denim, como virou constante dos desfiles no SPFW, quase não deu as caras. Mas a marca aposta nos contrastes - lavagens superdelavé ou lavagem nenhuma - em calças justas, microshorts e até uma ou outra boyfriend.
Para acompanhar a guria debutante no baile da Cavalera, os rapazes vieram arrumadíssimos. Trajes de gala, de smoking, foram desconstruídos e deram vez aos melhores looks masculinos da marca: paletós que viram coletes, ternos com cara streetwear, calças e bermudas acetinadas. Detalhe bacana: tudo com detalhe pespontados nas barras, bem tipo alfaiataria. Uma belezinha.



Maria Bonita
Maria Bonita estava em casa: a brasilidade nordestina está no seu nome e no seu tecido vital. Por isso ela fez tão bem a tradução para a moda do sol do Nordeste, das terras secas, das casinhas coloridas dos sertões brasileiros tirados do livro de fotos de Anna Mariani.
Lá estão as fachadas rosadas, verdinhas, amarelas com portas de madeira, os caquinhos de cerâmica no chão das entradas, as texturas rústicas das paredes que Daniele Jensen soube transformar em algodões amassados, estampas para tecidos, enfeites para decotes e lindas bolsas de verão.
As formas são as largas e soltas para que fiquem cômodas e arejadas nos piores dias de calor. Macacões, regatas, calças curtas e enroladas na canela, vestidos leves são as formas que a marca privilegia sempre e que combinam perfeitamente com o tema e as cores escolhidos.


Wilson Ranieri
Wilson Ranieri é da turma de Sara Kawasaki e Camila Cutolo, estilistas que trabalham na Huis Clos e Maria Garcia, respectivamente (ambas fora dessa edição do SPFW), e que encontraram respaldo na experiência de Clô Orozco para desenvolver suas potencialidades. Wilson, por sua vez, continua numa empreitada solo, desfile após desfile, buscando, espera-se, fortalecer sua marca. Pois o caminho vai ser longo.
A leveza dos tecidos, a transparência, o comprimento nos joelhos e os decotes sugerem uma mulher sexy, mas os contornos do corpo feminino parecem um mistério para o estilista. O decote não favorece o busto, a bermudona esconde as curvas - não aquelas exageradas das popozudas, não é esse o sex appeal de Wilson, mas as naturais que toda mulher tem. 
Fica claro que a falta de infraestrutura, que as amigas (Sara e Camila) têm, interfere no resultado final: falta uma modelista mais cuidadosa (muitas peças não têm caimento), falta acabamento, falta um casting com modelos mais experientes. Não há como fazer um bom trabalho sem ralação, nem investimento - tanto de tempo, quanto financeiro.



Movimento
Saídas de praia são um ponto alto na coleção, a começar pela de Emanuela de Paula na abertura, uma camisa com ombros decorados e fechamento de trench coat (tendência nesta estação). As outras opções são curtas (nada dos vaporosos cáftãs típicos de apresentações deste segmento), desenhadas com gráficas espinhas de peixe e folhagens.
Outro destaque são as partes de baixo, bem comportadas, como hot pants com a cintura altíssima, a peça com cós em Fabi Nunes, ou uma arriscada brincadeira com vários bolsinhos na parte da frente. Laçarotes decoram uma série mais básica, enquanto um engana-mamãe assimétrico (em Andressa Fontana)  propõe recortes mais arrojados. 
Os neutros são associados a uma cartela pouco empolgante de laranja queimado e marrons. Melhor os que juntam verde e azul, ou a série em off-white com recortes vazados como se fosse renda. Vale citar ainda o efeito tridimensional de camadas de couro de peixe curtido trabalhado por mulheres de pescadores de Recife.


Simone Nunes
Imagine que o filme Zabriskie Point, de Michelangelo Antonioni, que fala sobre o movimento da contracultura norte-americana nos anos 1970, tivesse como cenário a Bahia. Foi pensando assim que Simone Nunes trabalhou para fazer a coleção de verão 2011. Com atitude low profile, suas meninas, quase caiçaras, foram entrando na passarela, uma a uma, com cabelos molhados e óculos de sol redondos como se estivessem acabado de sair da praia.
Desfilaram bustiês, saias e vestidos largos e de comprimento midi, biquínis e maiôs de cores vivas. O patchwork esteve presente em quase todas as peças misturando vários tipos de estampas florais no mesmo look. O mix mais inteligente foi sobrepor aos shorts de paetês saias de cambraia de linho muito leve. O efeito transparente e ao mesmo tempo brilhante é uma boa solução para usar o paetê à beira-mar. Brancos e de tressê, os sapatos de amarrar também são boa aposta para os dias quentes.



Samuel Cirnansck
Corajoso. Samuel Cirnansck mudou drasticamente da romântica assinatura de seus vestidos de festa para um desfile de vestidos curtos, vibrantes, desenhados com motivos de Halloween de desenho animado.
Assim, Grazi Massafera abre com uma estrenha peruca preta de franja, tubinho roxo coberto por bordados que ilustram uma bruxa sobre a vassoura e meia de latex pink. Difícil. O efeito desejado deve ter sido mesmo o de estranhamento.
Menos cenográfico eram o vermelho de ombros pontudos em Jessica Pauletto e o ombré em Gracie Wink, em que pode-se escapar do tema. Ou direcionando para um modo de vestir mais divertido, como o top de phyton amarelo e a oncinha dourada.
Há de se notar sua mão habilidosa nos bordados e acabamentos, mas questiona-se se este contraste faz sentido num verão tão suave.


FH por Fause Haten
Fause Haten está com o tema da individualidade rondando sua cabeça. Pensou que se somasse uma individualidade a outra o resultado seria um ser híbrido, livre e com múltiplas escolhas de vida e de moda. Por isso cortou peças diferentes de roupas e foi montando um quebra-cabeças, um jogo de vestir onde tudo é possível ao mesmo tempo. Você quer usar uma saia curta na frente e um longo de lantejoulas atrás? Ele tem vários. Ou prefere uma saia de festa bordada com um short e blusa na parte de trás? Ele também tem. Para dizer a verdade não tem mistura que ele não tenha feito. O resultado é muita liberdade, muita individualidade e, muitas vezes, roupas esquisitíssimas! Imagino que em seu ateliê ele permita que suas clientes peçam e escolham  roupas  de verão menos híbridas, onde personalidades menos esquizofrênicas também tenham vez.


E assim, termina o terceiro dia.
Vamos ao próximo. Tá bom ?!? HAHAHA




YEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEAH!

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