Vamos continuar? hehe ... Quarto dia (12 de junho):
Reinaldo Lourenço
O pit stop para carregar a inspiração foi o design dos carros de corrida dos anos 1960. A parada rendeu. Reinaldo misturou as linhas aerodinâmicas daqueles incríveis brinquedos de adulto com a sofisticada moda de hoje e o resultado foi ótimo.
Vestidos leves de seda com grades de radiadores fazendo pala nos ombros, linhas curvas de chassis em aventais e desenhos de recortes e um colorido competente e bem típico da paleta de Reinaldo: off white com coral e rosa cor de pele; laranja, preto e branco, sutil e acertados riscos de rosa fluo.
Desta vez termos muitos vestidos curtos e evasés com aplicações de flores de gaze, debruns coloridos e decotes discretos, teremos algumas calças e macacões - peças do elenco fixo da companhia - assim como tops elaborados, exemplos perfeitos do Sport Couture que a marca trabalha. Na plateia, compradoras de olhos brilhando e jornalistas satisfeitas. Reinaldo pode dormir sossegado; sua coleção foi para o pódio.
Jefferson Kulig
Jefferson Kulig parece ter mirado mais nos seus compradores estrangeiros do que no mercado interno. E, principalmente, nos entusiasmados fãs do Brasil (o que dependendo do desempenho da seleção de Dunga na Copa da África do Sul pode aumentar - ou diminuir). A bandeira brasileira e uma arara vermelha estamparam as peças do estilista.
Os 22 looks, na maioria vestidos, entraram na passarela como que em pares - dois com estampa da bandeira, dois tinham penas, dois tinham tela. Foi como se Jefferson falasse: "é só uma amostra. O restante guardei para o showroom". É bom ser objetivo, mas é bom também conduzir o desfile como um história contínua.
O estilista manteve a fidelidade aos materiais alternativos, mesmo fazendo uma roupa possível de ser usada, o que resultou em boas peças rígidas e transparentes - a primeira, e melhor, sequência do desfile. Mas nessa briga entre futurismo, conceito e comercial, talvez seja a hora de trazer algo novo à tona, para justificar o emprego da palavra futurismo nessa segunda década que começa no século 21.
Animale
Raquel Zimmermann puxa a fila da Animale, mas não foi pela sua presença a sensação de dejá-vù. Na coleção, vem a mesma roupagem sci-fi que a marca vem trabalhando, de formas não definidas costuradas a partir de vários tipos de tecido para criar uma silhueta modular. Um pouco mais veranil e leve desta vez, mais ainda asim...
Os vestidos curtos são os protagonistas, nesta estação trabalhados com um mix de materiais esportivos e rústicos. Há uma certa confusão nesta mistura toda, mas vale citar o tecido com aspecto de papel (descrito como algodão duplo entremeado por película de alumínio), couro strech com textura de fustão e acabamentos com tela esportiva nos detalhe de peças de plástico transparente.
É uma coleção difícil de ser desmembrada, principalmente pela restritiva cartela de marrons e beges puxando pro amarelado. Veja como a apresentação acende com o look escuro em Daiane Conterato ou o roxo de Gracie Carvalho. Devem marcar mais presença nas lojas (e nas ruas) uns separates, como o short curto de feltro com desenho de flores e a regata + calça de Alicia Kuczman, mais descomplicados.
Valeu pela cortina aberta da sala 1, mostrando uma linda imagem do parque do Ibirapuera ao fundo. Com este pano de fundo e com um rosto como o de Raquel, mesmo que batendo na mesma tecla, a Animale sabe pra onde está olhando.
Ana Salazar
Apesar de desfilar pela primeira vez no Brasil, Ana Salazar não é novata. A portuguesa tem história à beça na sua terra natal, estando na ativa desde a década de 1970. Sua aparição dentro do SPFW vem em um plano de aproximação com o mercado brasileiro.
Participações assim, de nomes estrangeiros em solo nacional, carecem de pelo menos um fator de interesse. Ou vêm com uma marca forte e conhecida do público local ou mostram um trabalho superautoral, que se diferencie entre os que são apresentados no evento. Ana Salazar, apesar de todas as suas qualidades e história, não tem nem uma nem outra característica.
Ana gosta de trabalhar com mix de materiais e recortes nas modelagens. Daí saem looks mais conceituais, como os meio-vestidos desabados, com estampas digitais, presos ao corpo só pela cintura, sob body desfiado em preto. Ou o top recortado de renda (coberta com laca) mais saia curta drapeada em náilon. Um trabalho bacana, mas que não se diferencia tanto dos brasileiros que já estão por aí.
Se for para agradar aos gajos daqui, seria melhor pensar em um desfile mais curto e poderoso. E talvez focar nas peças mais utilitárias, que têm público garantido por aqui e foram destaque no desfile. O trabalho de Ana com desestruturas e peças com recortes e zíperes é muito bem-feito. Rende vestidinhos pretos desmontáveis, jaquetas perfecto e trench coats com as costas à mostra e paletós reabertos com alças desencontradas. Bonitos, acertados e bem vendáveis.
Adriana Degreas
A esperada aparição de Eva Herzigova e Shirley Mallmann foi um dos pontos altos desta estreia de Adriana Degreas no SPFW. A estilista ainda levou sua moda praia para o território da lingerie, confirmando uma tendência do prêt-à-porter em geral mas que faz o maior sentido neste segmento, às vezes com acaba,ento metalizado.
Nude e preto são os pilares da coleção, numa bem elaborada estrutura baseada em corsets e contruída com lycra acetinada de underwear e tule. Há também um pouco do coral e do turquesa, pra citar outra tendencinha do verão 2011.
Mais uma tendência: partes de baixo tão grandes que parecem hot pants (aqui com a cintúra altíssima). Nos tops prevalecem os tomara -que-caia com bojo em forma quadrada, mas tem bons desdobramentos em canelados, drapeados em jérsei ou ainda um bustiê de cristais (em Daiane Conterato) ou bordado com paetês e canutilhos prateados.
As saídas são um capítulo à parte: a camisa com laço no pescoço usada com short plissado (em Barbara Berger); um macacão (em Thana Khunen); um robe-de-chambre (em Vivi Orth); um tubinho bandage (em Deborah Muller); uma camisa transparente de organza (em Lucy Horn). Ótimas ideias para um fim de tarde à beira da piscina.
Mais ao fim entram os exercícios em volumes, de flores tridimensionais, mais cenográficos, e um arabesco com desenhos de panteras, mais divertido. Uma coleção poderosa e bem acabada que põe Adriana Degreas em evidência nos próximos verões.
Lino Villaventura
Desta vez, ele se superou. A música e os ventos caribenhos se juntaram aos mares e à vegetação do Ceará e o resultado foi um tutti-colori como há muito não se vê. Lino começa com o branco e preto, mas já deixa claro o que vem pela frente quando começa a colocar molas nas meias e nas saias das meninas, dando um efeito de lanterna a cada virada. Depois, as cores invadem a passarela e se multiplicam em todos os tons dos vestidos, das meias recortadas, das blusas e tops. Imagino o que vai ser a loja da marca quando essas roupas todas chegarem e estiverem lado a lado.
Vai ser lá também que elas serão mostradas às clientes em montagens menos congestionadas, para que se veja melhor a beleza das blusas e dos tops e para que se possa pensar numa maneira de usá-las. Muito bonitos os sapatos de pelo de vaca pintados à mão, tanto para os homens como os das mulheres. Uma farra de cores e de liberdade de criar.
Prontinho, mais um dia postado! HEHEHEHEH... acho que consigo cumprir a promessa... =] Adoro isso!
YEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEAH!
Ótimo ponto de vista!
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