9 de novembro de 2010

Entrevista.

Oii pessoas!
Tudo bom?

Então, não faz muito tempo (aliás, faz sim, mas eu quero fingir que não faz, ok?) que saiu uma entrevista com o PC Siqueira (julgo Paulo Cezar Siqueira) na Revista FOLLOW.
Eu tenho a entrevista, apenas não consegui as fotos para uma postagem completa e na íntegra da entrevista que a revista fez com o mais aclamado Vlogger do momento.

A entrevista foi feita pelo Caio Carvalho e as fotos são do Rafael Coelho... segue aí o texto e mais pra frente, vejo se consigo recortar as fotos pra completar a entrevista, ok?

Diferente daquele cara introvertido e aparentemente tímido dos vídeos do "Mas Poxa Vida", convidamos PC Siqueira, ilustrador, vlogger e dono de um dos Twitters mais influentes do Brasil, para uma entrevista diferente de todas as que ele já fez. No que eu chamaria de "pequeno compartilhamento" - traduzindo: lanchonete - dentro de um supermercado, colocamos uma cesta cheia de palavras diante do jovem de 24 anos a fim de falar sobre o assunto sorteado por ele. Foi tempo suficiente para que os cafés expressos que pedimos esfriassem na mesa ao lado, mas nada que tenha atrapalhado o jogo de perguntas. Confira:

DEUS
(risos) Boa pergunta. Todo mundo deve saber que eu não acredito em Deus. Minha relação com Deus é meio complexa, porque desde criança frequentei uma religião com minha família, até meus 17, 18 anos. As indagações que eu tenho, o fato de eu ser ateu, não são por causa do cristianismo, até porque a criação que tive não foi católica. Tanta gente diz "ah, mas é porque você não lê a bíblia". Eu lia a bíblia, mas não foi por isso. Sempre tive interesse por religião, por Deus, por essa busca, sabe? E essa busca foi tanta que eu conclui que Deus não existe. O problema é qe sempre gostei de fazer piada a respeito; sempre brinco com algumas pessoas, mas sei lá. Não acho que Deus existe, não acredito em Deus. Mesmo assim, o assunto "religião" está sempre presente na minha vida, por algum motivo; talvez porque fico discutindo sobre comportamento. E religião é uma das coisas que mais influenciam o comportamento das pessoas.

AMOR
Pensativo, ele responde: Acho que poderiam ser algumas mais fáceis. quem elaborou essas perguntas? Foi você? Quando fez essa pergunta, o que esperava que eu respondesse? Que eu dissertasse sobre o assunto? Porque é um assunto muito abrangente, eu não sei nem por onde começar. Acho que amor é uma coisa muito complexa. Você vê esse amor voltando para um lado religioso, de misericórdia, de perdoar as pessoas, e o amor não é isso, pelo menos pra mim.O amor pra mim é sempre o amor próprio. Sempre. Acho que uma vez ou outra na vida você tem um tipo de amor que não é nem amor próprio, nem religioso, é um amor que você não consegue explicar, o sente na barriga. Senti algumas vezes isso, e me falam "ah, você semte amor no coração". Eu não. Eu sinto isso na barriga, sabe? Que aperta, te dá vontade de vomitar. E a maioria das pessoas não passa por esse amor. É meio chato julgar o amor dos outros. Quem sou eu pra falar disso? Quando vejo as pessoas falarem de amor, é aquela coisa... romântica, superficial, ou romântica no sentido religioso, ou romântica no sentido de você ser piegas, ou sem sentido. As pessoas não param pra pensar no que elas estão sentindo e banalizam o verbo "amar", sendo que a maior parte do amor é o respeito por você mesmo, o amor próprio, o egoísmo.

VIDEOGAMES
Talvez seja uma das coisas mais importantes da minha vida. É uma forma de arte. Quando eu era pequeno, não tinha amigos e gostava de ficar mais em casa do que na escola, então eu jogava videogame. Muito da minha vida artística se dá por causa do videogame: design, música, animação, cinema. Até línguas estrangeiras, como o inglês, aprendi sozinho por causa do videogame. Desde criança foi, sei lá, minha maior fonte de entretenimento. As pessoas com quem me relacionava eram mais parecidos comigo pelo fato de jogarem videogame; alias, sempre foi uma forma de eu conseguir me relacionar com os outros. Quem gosta de videogame sempre tem algo pra comentar e discutir o assunto.

HASHTAGS
Sei lá. Acho uma moda boba, poque não precisa mais usar. Antigamente sim. E tem aquelas pessoas que colocam em tudo. Hashtags é uma coisa tão inútil quanto o próprio Twitter, muito embora ele seja uma forma de grande influência pra mim.

POP
É um tema mais diluído. Antes, tipo em 1998, você sabia dizer o que era pop, mas hoje tudo é pop, e você não consegue mas distinguir, muito disso, por conta da internet. Então... pop é qualquer coisa. Black metal é pop; máquina lomográfica é pop; tapete pérsia é pop; tudo é pop. Se você faz uma coisa nicho, todos têm acesso. Logo, ou o pop não existe mais ou juntou todas as coisas ao mesmo tempo. Pra mim dá no mesmo.

HUMOR E HUMORISTAS
Não me considero humorista (apesar de estar num programa de humor na MTV), nunca fui humorista e não me acho humorista. Há poucas pessoas que eu acho de fato engraçadas. Gosto do Jerry Seinfeld e do George Carlin; tem esse pessoal aí também, tipo o Gentili. Não tenh contato com os humoristas da MTV, mas se eles quisessem eu teria. Gosto do Marcelo Adnet, por exemplo, quando ele começou com o 15 minutos, eu adorava, mas justamente por não se tratar de um programa de humor. Era só um cara que ia lá e falava as coisas. Talvez seja um pouco disso que as pessoas achem dos meus vídeos, sabe? Mas pra mim, me considerar um humorista é a coisa mais ridícula do mundo, e a grande piada está aí: nunca fui um cara do humor, nunca fui um cara de contar piadas. E é engraçado, porque é isso que as pessoas falam: "você é diferente dos vídeos". E as pessoas não reparam que eu não sou diferente dos vídeos. Inclusive o tema, o nome "Mas Poxa Vida", era mais uma piada entre amigos. Ficávamos vendo um cara que passou um trote para o outro e ele respondeu "mas poxa vida, seu filho da puta", e aí eu comecei a repetir isso. Quando fui fazer o canal pensei em colocar esse nome, pois as pessoas achariam cômico. Então é isso. Sempre fui engraçado entre os meus amigos. Nem sei se as pessoas conseguem entender exatamente.

LINGUAGENS DA INTERNET
Acho qeu a era do tiopês acabou. Foi em 2007, e as pessoas achavam engraçado. Recentemente teve uma espécie de "fenômeno tiopês", aquela galera que era adolescente naquela época e agora são mais adultos, começaram a trabalhar, enfim, e que geralmente se caracteriza por pessoas que gostam de encher o saco dos outros na internet; eles falam tiopês pra manter uma indentidade entre eles. Eu não diria que eles são um troço, mas é um nicho de pessoas que digita errado e acho isso engraçado. Quando vejo alguém escrevendo "AMG" no fima das palavras, como se fosse "amigo", já sei que tipo de pessoa é. E é só eu esperar e ir lá no Twitter dela pra começar a me encher o saco. Nem vou me estender nesse assunto porque nem vale a pena. Tem algumas pessoas aí, que trabalham com mídia social ainda, e vêm me encher o saco no Twitter. Meu Twitter é um dos mais influentes do Brasil, e daí eu fico quieto quando alguém me enche o saco; depois o cara perde o emprego e vem reclamar pra mim, do tipo "ah, eu estava só brincando com você".

BISCOITO DE ÁGUA E SAL
Meu pai me falou que uma vez ele estava num bar com alguns amigos e eles fizeram um tipo de aposta, em que um cara tinha que comer seis bolachas de água e sal e outro 100g de mussarela. Claro que comer mussarela é mais difícil que comer biscoito, e juro por Deus que eu achava que comer mussarela era muito mais fácil, porque a bolacha de água e sal é seca. E justamente, pra você comer biscoito de água e sal fácil você não tem que comer nada antes. Mas a mussarela você não consegue nem engolir, nem mastigar nada; você trava. É mais fácil comer biscoito de água e sal do que mussarela. É muito mais inofensivo.

IGREJA
Igreja pra mim é a pior coisa do mundo; não tem coisa pior do que igreja. não o estabelecimento "igreja", porque isso eu acho bonito pra caramba - aquela arte sacra, acho bem legal. Mas como instituição, para mim, é a pior de todas e a ais macabra; tem muito de discriminação e mito de poder. Acho que ela faz as pessoas pensarem coisas absurdas e fazerem coisas absurdas em nome de uma coisa que nem existe, e no final das contas são todas a mesma coisa (católica, evangélica, etc.). Claro que é muito mais danoso uma pessoa ser viciada em drogas, por exemplo, do que em igreja; fora que a pessoa contribui para um possível círculo vicioso, de comprar a droga e contribuir para o tráfico, sei lá. E isso tudo pode voltar para você. Você pode levar um tiro com uma arma que foi comprada por parte do dinheiro que você deu quando comprou drogas. Agora que eu tenho mais contato com pessoas, penso que muitas delas são caricatamente fascistas; elas são normais, mas isso vem de criação. Muito disso não é só educação política, porque a maioria das pessoas não tem nenhum engajamento político, mas é uma coisa muito religiosa também, e moral. E religião nada mais é do que uma espécie de política.

MORTE
Morte é uma coisa que eu respeito. Nunca tive paranóia ou medo da morte. Muitas pessoas falam sobre isso, o "medo da morte", mas pra mim nunca foi novidade. Acho que tudo envolve isso de morte e Deus, não só pelo lado grotesco da coisa, nem uma coisa que represnta "aquilo que se acaba", e muito se fala sobre o final das coisas. Falo até hoje que tenho uma curiosidade... mórbida - desculpe estar fazendo esse trocadilho ridículo - pelas coisas em geral, então eu vejo de tudo; na internet, eu fico olhando e não consigo deixar de olhar, e você acaba tendo uma percepção diferente pelas coisas. E pelo "meio" da morte, também; existem tantas forma de você capitular como vai morrer. E o que você pensa a cerca da morte, isso influencia até na personalidade das pessoas, porque as que pensam na morte refletem mais profundamente nas coisas. E eu já tive essa "nóia" de querer morrer. Não querer me suicidar, mas só pensar na ideia. Não consigo ser amigo de quem nunca quis se matar. Mas é um assunto bem interessante.

FIONA APPLE
A Fiona é uma das poucas pessoas que eu posso considerar um ídolo; ela é a minha cara, no sentido de ter letras de músicas que eu olho e me identifico, sabe? Eu leio e penso "ela me convence". Gosto de artistas que fazem as coisas e falam com o coração, e hoje não tem muitos artistas assim. Escuto desde Black metal até Racionais, porque pra mim todas essas músicas se correlacionam. Eles fazem música porque gostam daquilo, e não simplesmente por dinheiro ou coisas assim. A Fiona Apple pra mim é a melhor de todas. As coisas que ela diz têm muito sentido com coisas que já me aconteceram comigo. Provavelmente, ela e eu temos uma personalidade parecidas, e é o que vejo quando bato o olho nas canções dela e penso "eu falaria isso". E ela não é tão popular assim; na verdade, está aposentada, tanto que nem faz mais shows, e as últimas m´sicas dela são na maioria covers. Até vou tatuar uma frase dela: "And if you want to make sense watcha looking at me for. I'm no good at math". Eu gosto bastante de cantoras femininas. Sou muito fã da Regina Spektor, da Coeur de Pirate, da Francisca Valenzuela, enfim.

DIABO
Eu também não acredito no diabo. Mas acho que de todas as entidades que as pessoas inventaram, ele ´o mais legal entre todas. Todo mundo fala coisas que o diabo gosta, e se bobear eu falo menos do qeu os outros. Teoricamente, se fosse comparar, eu iria ao céu muito antes do que muita gente por aí que acredita em Deus (risos). Geralmente, o diabo é representado pela imagem do humor e da inteligência, e se eu tivesse de escolher entre conviver com Deus e o diabo optaria pelo diabo, porque tenho assunto pra conversar com ele. Aliás, acho que ele nem é tão mau assim.

RUA AUGUSTA
Rua Augusta é tipo... caminho da roça pra mim. Moro perto e sempre passo por lá. Não vou falar o meu endereço, pra não correr o risco de ninguém bater na porta do meu apartamento (risos). É engraçado. Todo mundo fala "ah, a Rua Augusta" e tal, mas é sempre a mesma merda. Algumas pessoas que vão lá dão a entender que aquilo é uma cidade de interiro; sempre as mesmas pessoas, sempre a mesma merda acontecendo, seja os caras que querer brigar ou os que têm coração partido. Sei lá, essas pessoas que têm casos amorosos e não querem ver o/a ex e vão pra Rua Augusta, todo mundo vai pra lá e reclama da vida e acha isso legal. Acho um saco a Rua Augusta; tenho preguiça pra falar a verdade. Mas é claro, tem coisas interessantes lá. Sei lá, é o meu bairro.

CAFEÍNA
Eu não preciso e café pra ficar acordado. Teve uma época que eu trabalhava demais e fora de casa, então eu dormia no trabalho. E daí, quando eu chegava em casa, a primeira coisa que fazia era passar o café no coador, misturava com o leite, sentava no sofá e sentia aquela sensação de "nossa, estou em casa". O café me lembra conforto, e toda vez que tomo café eu sinto isso. Não tomo muito café puro, mas agora estou me interessando mais pelo café, de querer me aprofundar no assunto. Mas o café é isso. Me faz sentir bem, me afasta daquela época que eu não conseguia dormir - não pra ficar acordado. Geralmente quando eu trabalho muito, tomo café o dia inteiro, principalmente no final da noite, para produzir mais. Mas sou viciado em café. Se eu não tomo, começo a sentir dor de cabeça.

CHURRASCO
Churrasco pra mim é um life style, sabe? No churrasco estão todas aquelas pessoas da igreja católica, do carnaval, junto com ... o Dado Dolabella (risos). Churrascos na laje eu acho cool e já participei de alguns. Não sei se foi porque eu sai da periferia e comecei a conviver com pessoas de maior poder aquisitivo que daí o churrasco virou uma desgraça, uma espécie de rave. Só que, para as pessoas, aquilo é churrasco: fechar o apartamento, juntar a galera da facu, e falar sobre coisas completamente nulas. Esse negócio de faculdade, também, às vezes me irrita um pouco. Sabe aquela história de foto de colégio? Me lembra uma coisa ruim. Fico irritado vendo aquilo. Não sei se foi porque não participei e consequentemente tive inveja daquelas pessoas. Não inveja, mas raiva. Sabe quando você vê alguma coisa e não consegue se identificar com ela? Galera de colégio, de faculdade, aquela coisinha "ahh, abraçar!" - nunca tive vontade disso: aquele de em todo final de terceiro ano a galera se reunir pra ir pra Porto Seguro. Não gosto disso. Na verdade, esse negócio de "galera" me deixa meio assim. Não sei por quê. E já parei muito pra pensar no porquê de ter esse ódio. É um ódio genuíno, sabe? Eu não gosto.

ABRAÇOS DEMAIS, SORRISOS DEMAIS
Nunca consegui ser amigo de uma pessoa que é muito feliz. Acho qeu pra eu gostar de uma pessoa ela tem que entender que as coisas não são belas. As coisas são belas na TV, na poesia. Porque se você parar pra pensar, o peta faz as coisas belas porque ele vê as erradas. Acho que as coisas boasde verdade são feitas por pessoas que entendem o lado ruim. Sempre tive esse lance de "Advogado do Diabo", desde criança. Quando você tem pouco discernimento, você não consegue ser feliz, nos abraços e no sorrir. Alguns me dizem "ah, você agora é muito famoso, tem dinheiro, e mesmo assim não está feliz". Eu estou feliz, feliz comigo. Quando digo que estou bem, é porqe estou bem, mas nunca deixo de pensar nas coisas.

CRÉDITOS FINAIS
Pra mim, o momento que vivo hoje não é o mais importante. Já passei por outros mais importantes, e muitos me dizem que este é o grande momento da minha vida. Pra mim, este é o grande momento de fazer coisas pra mim. Então vou aproveitar o máximo que posso agora e depois minha vida vai voltar ao normal, e não vou fazer isso pra sempre: fiz porque deu certo. Talvez os vídeos evoluam pra algo mais interessante, mas não sei o que vai acontecer. Só sei que vou continuar enquanto eu puder. Pra mim, essa busca do que fazer é totalmente pessoal, pois quero entender as coisas melhor. E as pessoas podem confundir a princípio, mas a minha felicidade é isso: entender as coisas , conseguir resolver os problemas com menos dificuldades. E é isso.

Então, a entrevista é essa... não postei as fotos porque as que encontrei estão numa qualidade tensa... mas ok... depois eu posto outras... mesmo não sendo as da reportagem, ok?

YEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEAH!

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